O que é Terapia Familiar Sistêmica?
Apesar de a
Terapia Familiar Sistêmica ter tido início em 1950, em Palo Alto, Califórnia, como um projeto com pacientes
esquizofrênicos, esta técnica de “terapia breve” revelou que, após a
recuperação do paciente, as famílias desenvolviam um padrão de comportamento
que impeliam o paciente de volta à psicose. A partir desse estudo, foram
formulados vários conceitos das teorias da comunicação e
sistêmica, para o atendimento das famílias de uma forma
integral.
Conhecida
como Terapia Familiar Estratégica e Sistêmica porque compartilha uma visão
sistêmica (circular) da manutenção do problema (sintoma) e uma orientação
estratégica, planejada pelo terapeuta, para atingir a mudança do comportamento
disfuncional apresentado pela família em terapia. O atendimento é feito em torno de
intervenções estratégicas criativas destinadas a superar a resistência e
fazê-lo o mais depressa possível, concentrando-se na resolução do problema
pontual traduzido pela família, através de interação, sem se preocupar com as
vidas intrapsíquicas dos membros individuais da família, o que torna este
tratamento rápido, em no máximo 10 sessões.
Devido ao
fato do trabalho de Milton Erickson ter muito fortemente influenciado os
teóricos estratégicos, faz-se importante notar que Erickson rompeu com as
tradições psiquiátricas da sua época e passou a se concentrar nos sintomas
(problemas), buscando descobrir detalhes
relacionados ao impacto e ao contexto dos sintomas para encontrar meios para
modificá-los (Haley, 1981).
Erickson via
a mente inconsciente como uma fonte de sabedoria e criatividade, que se fosse
desembaraçada da inibição consciente, poderia resolver os problemas e curar os
sintomas. Milton Erickson iniciou a revolução no conhecimento e tratamento das pessoas através da terapia familiar estratégica, tornando-a mais popular. Ele ensinava que as pessoas tinham recursos para mudar rapidamente, uma vez que o terapeuta conseguisse que o processo se iniciasse. E, através das interpretações de Haley e Weakland sobre o trabalho de Erickson, essas suposições sobre mudança rápida toraram-se os suportes teóricos da Terapia Familiar Estratégica.
Como esta técnica veio evoluindo aos
dias de hoje?
As escolas estratégica e sistêmica de terapia familiar são modelos que tentam explicar as ideias de Gregory Bateson ao tratamento da família, resultando num conjunto de técnicas criativas para gerar mudança na comunicação e vencer resistências comportamentais instaladas como um padrão fechado (adoecido) nas famílias com sofrimento para todos os seus membros.
Em 1959, Don
Jackson, um dos consultores do projeto de Bateson, reuniu uma equipe energética
e criativa interessada em comunicação, terapia, famílias e esquizofrenia e
fundou o MRI – Mental Research Institute, formando um dos primeiros programas
de treinamento formal em terapia familiar,
muito contribuindo para a literatura dessa técnica com as obras:”Cojoint
Family Therapy”, de Virginia Satir (1964); “Pragmatics of Human Communication”,
de Watzlanwick, Beavin e Jackson (1967) e “Strategies of Psychotherapy”, de Jay
Haley (1963).As escolas estratégica e sistêmica de terapia familiar são modelos que tentam explicar as ideias de Gregory Bateson ao tratamento da família, resultando num conjunto de técnicas criativas para gerar mudança na comunicação e vencer resistências comportamentais instaladas como um padrão fechado (adoecido) nas famílias com sofrimento para todos os seus membros.
Em 1967, foi inaugurado o “Brief Therapy Center” (Centro de Terapia breve) do MRI (Instituto de Pesquisa Mental), sob a direção de Richard Fisch, incluindo na sua equipe: John Weakland, Paul Watzlawick e Arthur Bodin, com o objetivo de desenvolver o tratamento mais breve possível para os transtornos psiquiátricos, originando uma abordagem ativa e concentrada nos sintomas apresentados, a serem tratados em 10 sessões.
O objetivo minimalista do MRI diz que uma vez que o problema atual é resolvido e o cliente fica satisfeito, a terapia é concluída. O que pode acontecer em duas ou mais sessões até a décima, quando se cumpre a estratégia de fazer a comunicação familiar se movimentar, retirando os pacientes da paralisação (doentes) e voltarem a se movimentar, fluir, sem precisar mudar suas personalidades ou estruturas familiares.
Esse método
teve um grande desenvolvimento e campo de expansão, durante as décadas de 1970,
quando Jay Haley cunhou o termo “terapia estratégica” ao descrever o trabalho
de Milton Erickson, e 1980, quando os
terapeutas tornaram-se atraídos pela criatividade, otimismo e parcimônia dessas
abordagens para todos os tipos de pacientes.
O modelo do
MRI e o trabalho de Jay Haley tiveram um impacto importante sobre os terapeutas
Associados de Milão, compostos por Mara Selvini Palazzoli, Luigi Boscolo,
Gianfranco Cecchin e Giuliana Pata, que desenvolveram o influente “Método de
Milão” (Center for the Study of Family).
A partir
daí, psiquiatras de outros países passaram a utilizar esta técnica com muito
sucesso, pois os terapeutas estratégicos se interessam em mais em gerar
mudanças no comportamento do que no conhecimento, o que consequentemente se faz
produzir mais livros sobre a técnica do que sobre a teoria.
Hoje, com a
necessidade de decisões e resoluções de problemas urgentes, que a vida moderna
nos impõe, a Terapia Familiar Sistêmica, por ser uma terapia breve, vem
ganhando muito espaço e excelentes resultados com a nova geração de terapeutas.
Grandes nomes da Terapia Familiar
Estratégica e Sistêmica
Entre os
principais terapeutas de família estratégicos são Milton Erickson, Gregory
Bateson e Salvador Minuchim, que muito influenciaram nos estudos de Jay Haley e
Cloe Madanes, incluindo também os trabalhos de Paul Watzlawick, John Weakland,
Bráulio Montalvo e Richard Fisch.
Relevante
contribuição também deram os terapeutas do MRI: Jules Risk, Virgínia Satir, Jay
Haly, John Weakland, Paul Watzlawick e Janet Beavin, dentre tantos outros que
não foram citados neste artigo. Entretanto, esses nomes lhes darão crédito para uma melhor
pesquisa sobre esta interessante técnica.
Fonte: Terapia Familiar, Nichols e Schwartz.
Texto de
Tânia Motta Nogueira Reis, advogada, escritora, palestrante motivacional e terapeuta. Contato:nreis8@hotmail.com